sábado, 2 de dezembro de 2006

Associativismo – viver a democracia cultural

Para que o papel das associações possa ser assumido de forma plena no século XXI torna-se necessário e imperioso que seja aprofundado o debate sobre os conceitos “democracia cultural” e “democratização da cultura”.
Antes do 25 de Abril ( muitos que viveram o associativismo nesse tempo sabem) o associativismo era, por vezes, uma “ilha de cidadania”, por vezes, a única brecha por onde, na verdade, se abria ao cidadão o acesso a um lugar onde podia participar, viver a democracia e promover dinâmicas desportivas, recreativas e culturais.O associativismo era, sem dúvida, um espaço, onde a criatividade, a vontade de fazer, era vivida de forma intensa e criadora. E foram feitas tantas coisas tão belas.Talvez, por essa razão, o regime vigiava e controlava a vida das associações. Quando, em alguma associação era promovida uma qualquer iniciativa que, de facto, não agradava ao regime, de imediato os dirigentes eram chamados e admoestados pela Polícia Política. Mas as associações mantiveram-se vivas, activas, sempre na procura de melhores condições para a comunidade e para os seus associados.
A diversificação de dinâmicas sociais
Após o 25 de Abril o associativismo continuou a ser esse espaço de afirmação da liberdade.Mas, então, novos problemas se colocaram na vida das associações.A diversificação de dinâmicas. A criação de novos espaços de afirmação da cidadania. A vida dos partidos políticos. As Comissões de Moradores. A vida sindical. As Comissões de Trabalhadores. As dinâmicas de um Poder Local actuante e mais perto dos cidadãos. O nascimento de novas e diversificadas associações – de jovens, de idosos.O associativismo começa a ter que lutar com os seus próprios meios para conseguir sobreviver, renovar-se e manter-se activo numa sociedade em profunda mudança.Manter as dinâmicas associativas implicava procurar encontrar respostas para os novos desafios. Modernizar. Renovar.Nem sempre existiu compreensão para os problemas emergentes. As associações tinham que lutar com os seus próprios meios, e encontrar resposta aos factores diversos com os quais tinha que concorrer : o vídeo, as parabólicas, os novos canais de televisão.Outro aspecto importante que afectou, de forma muito directa, a vida das associações e o desenvolvimento do seu papel nas comunidades, foi a contradição que se gerou entre os conceitos “democracia cultural” e “democratização cultural”, que costumo, por razões de proximidade, costumo identificar com o conceito de “municipalização cultural”.
Um cidadão actor na cidade Os desafios que se colocam nos tempos de hoje ao associativismo são diversos, mas o mais importante, reside nas suas capacidades de se afirmar como parceiro reconhecido e indispensável, nas estratégias de promoção da “democracia cultural”.A “democracia cultural” abre espaço à participação, à vivência da cidadania de forma activa. Um cidadão actor (como dirá Beja Santos – consumactor) .A “democratização cultural” reduz os cidadãos a meros consumidores de fenómenos culturais. Um cidadão consumidor.Este um debate que está por fazer e por ele, sem dúvida, vai passar a definição do papel do associativismo na construção da cidadania do século XXI.Ainda não é tarde…mas se este debate não for feito e aprofundado, talvez, no futuro, se lamente que os cidadãos fiquem indiferentes ao associativismo.
António Sousa Pereira

10 comentários:

sashia disse...

No seguimento do conselho, a meu ver pertinente, de António Sousa Pereira, porque não um debate sobre os conceitos abordados neste artigo. E porque não abrir um debate a nossa comunidade escolar ou abrir as portas da nossa escola e deixar entrar outras pessoas. Caberia perfeitamente no âmbito da disciplina de Animação Associativa. Que me dizem?

Anónimo disse...

Gostaria de conhecer este António Sousa Pereira e, como me parece não ser aluno do curso, estranho a forma como conseguiu «postar». Mas ainda bem, porque o seu artigo é pertinente e mostra que aquilo que abordámos há dias, o papel do movimento associativo na animação cultural tem sido determinante. Foi-o antes do 25 de Abril e de novo, agora, poderá marcar a diferença nestes tempos de aparente «amorfismo». Quanto ao debate, acho-o interessante, embora pense que a diferença de expressões não traduz, efectivamente, uma diferença de praxis. Mas lá chegaremos.
Uma nota final: quando será que esta Sashia se resolve a escrever para o blog e não somente para os comentários?
Fernando Peixoto

sashia disse...

Também eu gostava de conhecer este António Sousa Pereira. De facto não é aluno, nem professor do curso de animação. E também não postou no nosso blog. Ele postou num outro blog onde eu (sashia/ ana bárbara) ponho a referencia no fim do meu post "associativismo - viver a democracia cultural" (...) IN (http://associativismo.blogs.sapo.pt/)
A pertinencia do artigo do tal António é mesma essa. Resolvi postar exactamente pelo que debatemos nas aulas e também pelo desafio que o Fernando nos fez sobre um debate. Juntando o que se fala nas aulas, este artigo e o que se anda a passar na câmara do porto/rui rio. Acho que temos, como sugeri no primeiro comentário deste post um tema com panos para mangas...

sashia disse...

Quanto à sashia (eu mesmo, je, moi même, ana bárbara) escrever para o blog já muito faz ela (eu). De quatro post três foram colocados por mim (sashia). Não sou eu (ana bárbara) que preciso de ser incentivada...

Confusos? eu sou a ana bárbara que também assina como sashia.

Anónimo disse...

Eu continuo a defender que a escola cada vez mais se fecha em si propria, e da pouco espaço para os futuros dinamizadores agirem.
De facto o artigo apresentado é pertinente e faz tdo o sentido perceber um pouco o q é esta "coisa" do associativismo, e a respectiva democratizaçao cultural, e aproveitar a dar a conhecer a outras pessoas q o termo democratizaçao n é um termo meramente politico (pq ainda existe mto essa ideia)e nesse sentido ainda existem varios politicos aptos para falar sobre essa tematica.
Acho q proposta de debater este tema cabe perfeitamente na nossa cadeira, agora basta ter animo e vontade para o realizar.

Anónimo disse...

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